quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Salvador/BA – Sem classificação de patrimônio histórico, Centro Antigo está deteriorado






Nome do aluno: Karynna de Paula Gruber

SOBRE A REPORTAGEM
Título: Salvador/BA – Sem classificação de patrimônio histórico, Centro Antigo está deteriorado.
Data: 30 de janeiro de 2012
Fatores deteriorantes identificados na reportagem: Fator humano - ignorância


by Silvana Losekann • 30 de janeiro de 2012 • Nacional, Notícias • 3 Comments

Enquanto a revitalização não vem, patrimônio histórico desaba em Salvador.
“Derrubar, deitar ao chão, deixar cair”. O verbete ‘tombar’ anda bem aplicado no Centro Antigo de Salvador (Centro, Barris, Tororó, Nazaré, Saúde, Barbalho, Macaúbas, parte do espigão da Liberdade, Santo Antônio e Comércio). As primeiras ruas da cidade, recheadas de casarões e palacetes do século XX, padecem no abandono, malconservadas e violentas, à espera de políticas públicas para as centenas de pessoas que trabalham e vivem na região, muitas na rua. Enquanto a revitalização não vem, o patrimônio histórico literalmente desaba na soterópolis.
O Centro Histórico de Salvador é o único na lista bianual da World Monuments Fund (WMF), que lista sítios do patrimônio histórico mundial em risco. São 67 locais em 41 países.
Na Ladeira da Barroquinha ou R. do Couro, a situação constrange. Além da sujeira e da falta de organização do dia-a-dia, nos fins de semana o cenário é de horror. A poucos metros, na Pça. Castro Alves, tombada como patrimônio histórico, onde fica o espaço de Cinema Glauber Rocha, o cenário é outro.
“Graças a Deus, temos contado com o apoio da polícia junto aos nossos seguranças. Algumas pessoas já falaram que não vinham por achar que não tinha segurança, mas a praça não tem esse problema”, afirmou a gerente do espaço, Sandra Santos. Para ela, no entanto, a Barroquinha, logo abaixo do cinema, é perigosa. “Até os funcionários comentam”, afirma.
Recursos insuficientes
O Centro Histórico (do Mosteiro de São Bento ao Santo Antônio Além do Carmo), que virou patrimônio nacional em 1984 e da humanidade em 1985, passa por uma restauração capitaneada pelo governo do Estado. Mas o Centro Antigo, contíguo à área de proteção rigorosa, só é protegido pela Lei Municipal 3.289/83, de preservação do patrimônio, praticamente inócua.
A maior parte dos bairros da Saúde e Nazaré, por exemplo, não é tombada, e faltam recursos para revitalização. Quase R$ 2 milhões foram usados em obras que deveriam terminar em abril de 2011, o que não aconteceu.
É o caso da Fonte do Gravatá, na rua de mesmo nome. Lá, moradores e turistas se assustam com o comércio diuturno de drogas. Segundo o secretário municipal de Reparação, Ailton Ferreira, cabe à Prefeitura cuidar de detalhes como limpeza, pavimentação das ruas do entorno, fiscalização do comércio e segurança, o que, na prática, deixa a desejar. Para ele, a troca de metais usados por drogas atrai os viciados à região. “Não é saudável Salvador ter um lugar naquelas condições, como estão o Gravatá e a Independência”, completa.
Projetos são a longo prazo
A coordenadora geral do Escritório de Referência do Centro Antigo de Salvador (Ercas), Beatriz Lima, diz que há programas para o Centro Antigo em fase de captação de recursos. Segundo ela, são ações emergenciais que devem acontecer até 2015, com verba de R$ 430 milhões.
Para a recuperação e conservação do Centro Histórico, há o PAC das Cidades Históricas, que anda mais do que empacado – os recursos da Bahia caíram 93% e só quatro obras, de 46, saíram do papel –, e o Monumenta, do Governo Federal. No Ercas, ligado ao gabinete do governador Jaques Wagner (PT), o foco é no fomento econômico, preservação, qualificação dos espaços culturais e requalificação da infraestrutura. Em dois anos, o escritório confirmou a construção de casas e equipamentos urbanos da Vila Nova Esperança (Rocinha), a criação de residências estudantis em casarões no Largo d’Ajuda e a requalificação de fachadas na Baixa dos Sapateiros.
Cracolândia soteropolitana
As ruas do Gravatá, do Bângala, do Castanhêda e, ironicamente, do Paraíso, na região da Barroquinha,  são hoje a “cracolândia soteropolitana”. Sem policiamento reforçado, o desmando reina.
Ailton Ferreira diz que há ação da polícia, que resultou inclusive na desativação de ferros-velhos que alimentavam o tráfico. “Não podemos tirar as pessoas porque elas estão se drogando. Elas têm o direito de ir e vir”, defende. Na opinião dele, o ‘pavor’ criado em torno do Pelourinho é excessivo. “É um lugar seguro”.
Segundo a coordenadora-geral do Escritório de Referência do Centro Antigo de Salvador (Ercas), Beatriz Lima, a Secretaria da Segurança Pública do estado (SSP-BA) atua no entorno e o problema do crack será combatido, assim como haverá políticas públicas para os moradores de rua. “O programa lançado pela presidente Dilma será adotado também aqui na Bahia”, explicou. Foto: Manuela Cavadas/Grupo Metrópole

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