domingo, 28 de agosto de 2011

PRESERVAÇÃO DA ARQUITETURA MODERNA NO BRASIL

A proposta originária de introdução da arquitetura moderna no Brasil está ligada à idéia de se criar uma arte genuinamente brasileira, símbolo da identidade cultural do país.

            A arquitetura moderna brasileira, apesar de influenciada pelo movimento moderno internacional, não se ateve ao ideal de a-territorialidade e a-historicidade mundial, desenvolvendo um estilo de indentidade nacional.

Fábrica Fagus (1911/1913) de Walter Gropius, tombada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade em 2011, por ser considerada o marco da arquitetura moderna mundial.

            O marco inicial do Movimento Moderno no Brasil foi em 1917 com a exposição de pinturas de Anita Malfatti em São Paulo, que gerou uma reação negativa à ausência de academicismo, com discussões conservadoras no meio artístico.
            A pintura catalisou este movimento que visava a renovação do ambiente cultural, alimentados com os valores da vanguarda[1] européia (futurismo, purismo, eliminação do supérfluo).
            A Semana de Arte Moderna de 1922 foi uma manifestação conjunta do meio artístico, motivada pelo centenário da independência do país, comemorado no mesmo ano.
            A primeira fase do modernismo ocorreu de 1917 a 1924 como uma manifestação de oposição ao passadismo e pela atualização estética.
 
Na segunda fase, 1924 a 1929, o modernismo passa a adotar como primordial a questão de uma cultura nacional, onde a arte deveria refletir o país em que foi criada.
            Todavia, em relação à arquitetura, os arquitetos da Semana de Arte Moderna não apresentaram projetos consistentes como nas artes plásticas e literatura; além da inexistência da obra moderna construída.


           “É preciso estudar o que se fez e o que se está fazendo no exterior e resolver os nossos casos sobre a estética da cidade com alma brasileira. Pelo nosso clima, pela nossa natureza e costumes, as nossas cidades devem ter um caráter diferente da Europa.
            Creio que a nossa florescente vegetação e todas nossas inigualáveis belezas naturais podem e devem sugerir aos nossos artistas, alguma coisa de original dando às nossas cidades uma graça de vivacidade e de cores, única no mundo.” (Rino Levi, 1924 – O Estado de São Paulo)


             Neste período que antecede a arquitetura moderna no Brasil, o Rio de Janeiro, capital do país, tinha a sua arquitetura fortemente influenciada pela cultura francesa (art nouveau) e São Paulo, pela imigração italiana (ecletismo), que não representavam a verdadeira arquitetura nacional, como fora a colonial.


      
 Rio de Janeiro (art nouveau)                      São Paulo (ecletismo)

            A busca pela identidade nacional aflorou durante a 1a. Guerra Mundial, quando no Rio de Janeiro houve um prestígio à arquitetura neocolonial e em São Paulo, a busca pela identidade nacional se manifestou na Semana de Arte Moderna, em manifestos e nas viagens de redescoberta da arquitetura colonial e do folclore brasileiro.

            A primeira arquitetura moderna construída no Brasil foi a casa modernista de Gregori Warchavchik em 1928.



            A arquitetura de Warchavchik não foi fiel ao ideário moderno europeu; a casa é de tijolo revestido e não de concreto armado, a simetria da fachada é convencional, apresenta limitações quanto ao material e técnica e o jardim plano com cactos e palmeiras constitui o aspecto mais tropical, original e brasileiro.

            No governo Vargas (1930 – 1945) começa a construção de um Estado brasileiro moderno.
            Lúcio Costa é nomeado para a direção da Escola Nacional de Belas Artes e convida Gregori Warchavchik e Affonso Reidy para trabalhar com ele, o que gerou revolta dos tradicionalistas.
            Lúcio Costa via na arquitetura moderna brasileira uma analogia às singelas soluções populares do Brasil colônia e atribuiu vários significados à arquitetura moderna brasileira como: peculiaridade, especificidade e originalidade.
            Em 1935 houve um concurso para o Ministério de Educação e Saúde e o então ministro Gustavo Capanema ignorou o resultado, convidando Lúcio Costa para projetá-lo.
            Le Corbusier foi convidado para uma série de conferências no Rio de Janeiro, como álibi para realizar consultorias sobre o projeto sede do MES, sem afrontar a legislação.
            O MES é a primeira arquitetura moderna de feitio brasileiro com pilotis, brises, vidro, granitos regionais e revestimento de azulejos, numa alusão à influência colonial.


           

             Segundo Lúcio Costa, a arquitetura moderna brasileira é fruto da técnica e materiais atuais utilizados pela individualidade do gênio artístico, no qual se destaca a figura de Oscar Niemeyer.
            Desta forma, a arquitetura moderna brasileira se diferencia da restante praticada no mundo por sua excepcional expressividade, inventividade e excentricidade, que contribuem para seu reconhecimento como patrimônio nacional.
            A arquitetura moderna tornou-se um fenômeno internacional após a II Guerra Mundial, sendo a arquitetura moderna brasileira consolidada como uma das mais importantes manifestações do movimento.
            Sobre a preservação da arquitetura moderna, podemos afirmar que existem duas vertentes: a preservação do conceito de arquitetura moderna (tecnologia e autenticidade) e a preservação do patrimônio material imóvel.
            Para o reconhecimento, preservação e valorização da produção arquitetônica, urbanística e paisagística moderna brasileira foi criado o DOCOMOMO (Documentation and conservation of buildings, sites and neighborghhoods of de Modern Movement) , uma organização não-governamental, com representação em mais de quarenta países, fundada em 1988, na cidade de Eindhoven na Holanda. É uma instituição sem fins lucrativos e está sediada atualmente em Barcelona, na Fundació Mies van der Rohe, e é um organismo assessor do World Heritage Center da UNESCO.
ESTUDOS DE CASO:
- Teatro no Parque do Ibirapuera
- Residência Oswaldo Bratke
- Marquise do MUBE usada para fiação de letreiros
- Maracanã







- AEC Franca/SP

[1] Vanguarda: originária do termo militar “guarda-avançada”, corresponde aos grupos que se colocavam como inovadores militantes.



Sites relacionados:
http://www.museudacidade.sp.gov.br/modernista-imagens.php
http://opovounido.com.br/?p=299

domingo, 21 de agosto de 2011

HISTÓRIA DOS MUSEUS

O termo museu é proveniente do Templo das Musas (Mouseion), que na Antiguidade era o local onde os gregos iam buscar inspiração e talento com as nove musas filhas de Zeus com Mnemosime e lá deixavam suas oferendas.

 Templo das musas

Também na Antiguidade, existiu a famosa Biblioteca de Alexandria, e dentro da mesma uma sala denominada museu, onde os sábios, filósofos e estudiosos se reuniam para debater sendo então um local voltado para o conhecimento.


 Biblioteca de Alexandria da antiguidade

Uma nova Biblioteca de Alexandria foi inaugurada no Egito em 2002.



Na Idade Média o termo museu desaparece, mas muito da origem dos primeiros museus está relacionado à cultura deste período com as coleções particulares dos palácios, igrejas, gabinetes de curiosodades.


Coleções expostas nas galerias dos palácios


Coleções religiosas


Gabinete de Curiosidades


Alguns museus da atualidade foram constituídos na Europa do século XVIII, com acervos provenientes de coleções particulares ou reais, como o Museu do Louvre, Museu Britânico e Museu do Prado.
O avanço do conhecimento, a influência dos enciclopedistas franceses e  o aumento da democratização da sociedade provocado pela Revolução Francesa fazem surgir o conceito de coleção como instituição pública, chamada "museu".
Assim o primeiro verdadeiro museu público só foi criado, na França, pelo Governo Revolucionário (Robespierre), em 1793: o Musèe du Louvre (Museu do Louvre), com coleções acessíveis a todos, com finalidade recreativa e cultural.


 Museu do Louvre

No Brasil, os museus, em sua grande maioria, foram fundados no século XX, com exceção do Museu do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano (Pernambuco) que data de 1862 e do Museu de Mineralogia e Geologia da Escola Nacional de Minas e Metalurgia (Minas Gerais), de 1876.


O Conselho Internacional dos Museus ICOM (International Council of Museums) reconhecem em seu estatuto que o museu é “toda instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e expõe com finalidade de estudo, educação e entretenimento, a evidência material do homem e seu meio ambiente”.



Museu Guggenheim- 1992

Na década de 1990 temos museus de grande plasticidade arquitetônica em detrimento ao acervo.

TENDÊNCIAS ATUAIS:

 

Dessacralização
Conservação
Extra muros
Educação
Democratização da informação
Acessibilidade

  Museu da Língua Portuguesa

CONHECENDO MUSEUS : DOCUMENTÁRIO DA FUNDAÇÃO JOSÉ DE PAIVA NETTO



MUSEU DO ORATÓRIO EM OURO PRETO - parte 01


OUTROS MUSEUS








PROPOSTAS DE ARTIGOS:Desenvolva um artigo sobre o conceito abaixo.

1- Os museus têm uma característica especial que nenhuma outra instituição tem, e deve insistir nela: é a desaceleração. As pessoas precisam se surpreender, parar e não ver tudo às pressas.

2- Arquitetura de museus

domingo, 14 de agosto de 2011

ESPAÇOS CULTURAIS E A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO


 

Em todos os lugares do mundo existem edificações antigas, com valor histórico e beleza arquitetônica, abandonadas e desocupadas.

Quando surge a possibilidade de recuperar essas edificações, logo se fala em revitalização, ou seja, dar nova vida ao patrimônio até então sem utilização.

Mas também existe o termo requalificação, que eu particularmente prefiro atribuir aos projetos de urbanismo que proporcionam uma nova qualidade ao ambiente construído, ou também à edificações que possuíam determidado uso e que receberam uma nova proposta de ocupação com a revalorização do espaço.

Não sou defensora de que as edificações históricas sejam ocupadas apenas por espaços culturais, pois as mesmas possuem potencial para o funcionamento de setores administrativos públicos, instituições privadas, estabelecimentos comerciais e também para o uso residencial.

Mas muitas edificações históricas agregam valor ao espaço quando são ocupadas para finalidades culturais, pois constituem a materialidade da história tornando-se sinônimos da identidade de uma sociedade.
Muitas edificações históricas são ícones de um local, ou seja, o diferencial que preserva a identidade, principalmente diante da padronização da economia e das tecnologias construtivas.
Saber usar dessas edificações para finalidades culturais, trás benefícios principalmente para as localidades que possuem o turismo como fonte econômica.
Em resumo, as edificações históricas:
       São sinônimos de cultura e identidade
       Representam a materialidade da história e da tradição
       Dinamizam o turismo
       Favorecem a diversidade
Os espaços culturais devem proporcionar atividades que incentivem a visitação como restaurantes, cafés, livrarias, auditórios e lojas.
Todavia, como grande parte das edificações são patrimônio histórico e arquitetônico é preciso respeitar a distinguibilidade nas obras de adaptações ou construções de anexos para uso cultural.
Como exemplos podemos citar os projetos de restaurante e café no Museu de Orsay na França, promovendo duas áreas de alimentação para públicos diversificados e garantindo a sustentabilidade do museu.

GARE DE ORSAY - 1898

MUSEU DE ORSAY - 1986

RESTAURANTE - MUSEU DE ORSAY

CAFÉ  MUSEU DE ORSAY


Outro exemplo é o anexo do Museu Histórico da Alemanha, projetado pelo arquiteto Ieogh Ming Pei para a realização de exposições temporárias e auditório,  que em sua edificação histórica abriga uma praça de alimentações no pátio interno.

ANEXO DO MUSEU HISTÓRICO DA ALEMANHA


RESTAURANTE DO MUSEU HISTÓRICO DA ALEMANHA

Mais um bom exemplo é o novo projeto do Novo Museu de Berlim, da firma inglesa David Chipperfield Architects, vencedor do prêmio Mies Van der Rohe 2011,por sua distinguibilidade associada a uma exaltação da originalidade.
INTERIOR DO NEUES MUSEUM (NOVO MUSEU DA ALEMANHA)





MUSEU DE MINAS E METAL DE BELO HORIZONTE

No caso brasileiro podemos citar o Museu de Minas e do Metal de Belo Horizonte, inaugurado em 2010.


PROPOSTA DE ARTIGO: Análise de projeto de edificação histórica adaptada para uso cultural com a construção de anexo. Comentar histórico da edificação original, projeto, ano, autor, proposta arquitetônica, relações entre a edificação original e os novos elementos arquitetônicos.